domingo, 13 de fevereiro de 2011

Edifício Fazenda



Projeto de jovem arquiteto quer transformar prédios em ruínas em fazendas verticais

capa.jpgRafael Grinberg exibe seu projeto / Fotos: Divulgação

Dois prédios em ruínas no centro de São Paulo transformados em fazendas verticais, capazes de produzir alimentos orgânicos para a população das cidades, gerar novos empregos, reduzir os custos com alimentação e os desperdícios do processo de produção e transporte, além de garantir colheita o ano todo e reaproveitar um espaço inutilizado.
Essa é a proposta do jovem arquiteto Rafael Grinberg, que criou um projeto para revitalizar os edifícios São Vito e o Mercúrio e transformá-los em um centro de produção sustentável de alimentos e educação ambiental.
Cercados pelo Mercado Municipal, o Rio Tamanduateí, as Avenidas do Estado e Mercúrio, o Museu Catavento e o Parque Dom Pedro II, os prédios representam um local que, segundo Rafael, “é ao mesmo tempo muito degradado e em recuperação, mas com importante valor arquitetônico, histórico e cultural”.
De acordo com o projeto, os edifícios seriam reprojetados para abrigar um sistema de agricultura vertical, que funciona como estufas hidropônicas, uma em cima da outra, verticalizando as plantações e otimizando o espaço.
Um Centro de Educação Ambiental e um Estacionamento Funcional vinculados a um lago artificial também estão inseridos no estudo. Segundo Rafael, o objetivo de criar estes espaços é formar um eixo cultural entre o Museu Catavento e o Mercado Municipal, oferecendo vagas de estacionamento gratuitas para bicicletas, carros híbridos e elétricos.
Fazendas Verticais
A proposta das Fazendas Verticais, criada inicialmente pelo professor Dickson D. Despommier, da Universidade de Columbia, busca não apenas resolver a futura escassez de alimentos, mas também frear o aquecimento global, elevar os padrões de vida no mundo em desenvolvimento e mudar a forma como a sociedade obtém seus alimentos e descarta o lixo.
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Segundo um cálculo de Despommier, uma fazenda vertical com um quarteirão de base e 30 andares poderia fornecer alimentos para 10 mil pessoas. Em um planeta que, de acordo com as Nações Unidades, terá 80% da sua população vivendo em cidades até 2050, e que precisará de 1 bilhão de hectares de terra adicionais para acomodar o cultivo de alimentos para atender uma população de 9,15 bilhões de pessoas, essa alternativa parece uma saída viável.
“Eu acredito que a disseminação [das fazendas verticais] virá por meio da necessidade, principalmente em países e regiões em que a terra de plantio está se tornando escassa ou desertificada e em regiões inóspitas em que se torne custoso a chegada de alimentos, aumentando muito seu preço”, defende Grinberg.
Para o arquiteto são muitas as vantagens das fazendas verticais em relação às tradicionais. A redução das más condições de trabalho, exploração e outros problemas associados ao trabalho no campo, diminuição da exposição a agrotóxicos, dos danos ao meio ambiente, como desmatamentos, perda da biodiversidade, poluição e desperdício de colheita e transporte até o consumidor final são alguns dos fatores citados pelo arquiteto.
O vislumbre de uma nova modalidade de trabalho agrícola, que utiliza menos áreas de plantações e permite aproveitar espaços urbanos abandonados, além de fornecer alimento suficiente, de forma sustentável, para toda a comunidade e deixar que as áreas que foram usadas antes para a agricultura horizontal possam se transformar em florestas novamente estimulam ainda mais os planos do jovem arquiteto.
“Haverá uma nova e necessária estratégia para a conservação do meio ambiente e da água potável. As áreas desmatadas voltarão a seu estado natural, repletas de espécies de plantas e animais, reduzindo assim o CO2 da atmosfera e controlando o aquecimento global”, diz.
Para abastecer a fazenda, Grinberg projetou um sistema que retira o gás metano da água poluída do Rio Tamanduateí e o transforma em energia para o prédio. “O que dá vida a uma Fazenda Vertical é a água, daí a possibilidade de utilizar o Rio Tamanduateí como fonte, não só da água, mas também de energia para o edifício”.
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Desafios
Mas apesar de tantas vantagens e incontáveis projetos espalhados por todo o mundo, até hoje nenhuma fazenda vertical foi implantada. Alguns países, como Japão, Escandinávia, Estados Unidos e Canadá já cultivam pequenas culturas, como morangos, tomates, pimentas e ervas em estufas. Mas até hoje nenhum edifício foi efetivamente construído para esse fim.
No Brasil, a grande quantidade de terras agricultáveis e o clima favorável podem ser fatores que dificultem a implantação das fazendas. Mas isso não desanima o arquiteto. “No começo achava que por causa do excesso de terra no Brasil esta idéia não seria viável. Então pensei: ‘Será que excesso de terra significa utilizá-la até a escassez? Será que não podemos utilizar de novas ideias e tecnologias em favor de um mundo equilibrado entre o homem e o meio ambiente?’”, questiona.
Independente do uso do projeto no Brasil, ele defende que a proposta pode ser reaplicada em qualquer cidade do planeta, especialmente nas mais populosas, além de ser utilizada como escola modelo para estudos ligado a universidades e empresas interessadas em desenvolver novos modelos de produção.
“É fundamental e necessário investir em estudos e tecnologias inovadoras para estar sempre à frente e preparado para soluções e alternativas”, conclui Grinberg.

Algumas foto do proeto:
http://www.flickr.com/photos/ecodesenvolvimento/sets/72157626004180542/show/

Fonte: ecodesenvolvimento.org


"Falando nisso,  me despertou a curiosidade sobre o assunto e quem sabe não está surgindo mas uma tipologia projetual...... vai ai mais uma reportagem falando sobre fazendas verticais"

Arranha-céus futurísticos poderão abrigar fazendas verticais

A Fazenda Pirâmide, criada por Dickson Despommier, guru da agricultura vertical da Universidade de Columbia em Nova York, e Eric Ellingsen, do Instituto de Tecnologia de Illinois, é uma maneira de atender às necessidades de uma população crescente em um planeta com terras agricultáveis limitadas.
Grupos de design do mundo inteiro têm apresentado conceitos de arranha-céus futurísticos que abrigam fazendas ao invés de (ou além de) pessoas, como uma maneira de alimentar os moradores das cidades com safras produzidas localmente.
Além de plantar frutas e vegetais, a Fazenda Pirâmide inclui um sistema de aquecimento e pressurização que converte esgoto em água e carbono para abastecer máquinas e fornecer energia elétrica, de acordo com o site Inhabitat.com.
Gordon Graff, da Universidade de Waterloo de Ontário, acredita que seu conceito de fazendas de 59 andares dá conta do que alguns críticos consideram um obstáculo insuperável para as fazendas verticais: gerar eletricidade suficiente para replicar a energia solar com custos razoáveis.
Embora o consumo dessa fazenda hidropônica fique em 82 milhões de quilowatts-hora ao ano, de acordo com estimativa do jornal canadense Toronto Star, uma usina de biogás queimando metano dos resíduos da própria fazenda forneceria cerca de 50% dessa energia. O restante do combustível necessário viria do lixo da cidade.
O conceito de Fazenda Vertical com Água do Mar, criado pelos arquitetos italianos Cristiana Favretto e Antonio Girardi, busca lidar com o aumento da demanda por irrigação numa era de fontes de água doce em diminuição.
A solução dos arquitetos usa água do mar para resfriar e umedecer as estufas. Parte do vapor d¿água do ar é então convertido em água para irrigar as plantações, explica a equipe. O conceito foi elaborado para Dubai, onde há escassez tanto de água como de vegetais.
Sabendo que tipos diferentes de plantas têm condições diferentes de crescimento, Oliver Foster, da Universidade de Tecnologia de Queensland, elaborou o conceito de Fazenda Vertical Tipo O.
Os pesados pomares são plantados no topo de estacionamentos, que são ligados ao prédio principal da fazenda vertical por meio de uma ponte. A ponte é envolvida por uma estrutura esquelética utilizada para a plantação de videiras e para a conexão de serviços como eletricidade.
Superfícies refletoras dentro do prédio de 12 andares fazem com que a luz do sol chegue ao fundo do espaço da plantação.
O Eco-Laboratório, criado pelo escritório de arquitetura Weber Thompson, de Seattle, Washington, é um complexo de 12 andares que combinaria residências com jardins que produzem comida para a vizinhança.
O escritório estima que as vendas de tomate e alface cultivados nas torres de jardins hidropônicos poderiam chegar em cerca de um milhão de dólares ao ano, com base na receita menos o custo de base de produção. A viabilidade econômica do projeto torna plausível a construção de uma versão real em alguns anos, observa a equipe.
O arquiteto de Nova York Blake Kurasek projetou o Arranha-Céu Residencial quando era um estudante de graduação da Universidade de Illinois de Urbana-Champaign. O conceito coloca as fazendas urbanas no entorno de apartamentos residenciais.
Alguns andares ficariam fechados para produção em estufas durante o ano todo, enquanto outros incluiriam terraços para itens sazonais como pomares. O piso térreo teria um mercado de produtores onde os moradores poderiam vender entre si e para o público em geral.
“Uma fazenda vertical precisa ser adaptada para um lugar específico”, disse Augustin Rosenstiehl, do Atelier SOA Architects, de Paris, ao jornal The New York Times em julho de 2008. Por exemplo, seria um desperdício construir uma fazenda vertical urbana somente para a plantação de trigo se este cresce particularmente bem na zona rural da região.
Rosenstiehl elaborou, portanto, diversos conceitos para plantação de diferentes alimentos em espaços urbanos, inclusive um com turbinas eólicas em seu topo para gerar eletricidade.
O arquiteto Chris Jacobs colaborou com Dickson Despommier, da Universidade de Columbia, para criar um dos primeiros projetos de fazendas verticais. Lembrando o prédio da Capitol Records de Los Angeles, o conceito inclui um enorme painel solar no topo do prédio que acompanha o sol para captar o máximo de luz.
As janelas do prédio são tratadas com um produto químico que bloqueia poluentes e as impermeabiliza, segundo reportagem da revista New York. Isso maximiza a entrada de luz e ajuda o crescimento das plantações.
National Geografic
Tradução: Amy Traduções
Fonte: revistaecoturismo.com.br

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